quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

FORMAÇÃO LITURGICA - COMUNICAÇÃO VITAL

FAÇA DA PALAVRA UM INSTRUMENTO DE LEITURA EFICAZ
NA LITURGIA


A comunicação litúrgica supõe a vivencia do Ministério celebrado e capacitação para ser um instrumento para expressar e ao mesmo tempo conduzir ao Mistério. Porque a comunicação litúrgica se realiza em forma de memorial da ação de Cristo deve ser contemplativa, orante, proclamada, ação salvadora e cultural, narrativa, ritual-simbólica, sacerdotal, mediadora narrativa, histórico-salvifica, profética. A comunicação litúrgica não é prioritariamente transmissão de conteúdos doutrinários. Trata-se de uma comunicação vital, que atinge o ser humano todo, todos os seus sentidos e todas as suas dimensões.
A palavra possui especial importância em nossa cultura, nossa convivência e em todos os momentos de nossas vidas. Na liturgia também é assim: a palavra ocupa um lugar central como presença e como meio. A Palavra se faz palavras, se expressa em palavras.
Lidar com palavras, sobretudo, em público ao proclamar a Palavra é missão que exige conhecer a importância e o papel da Palavra, como centro da celebração, o sentido do livro e o seu lugar na liturgia e ainda mais o Ministro da Palavra, o leitor que é um ator litúrgico. Sim ator: aquele que torna concreta a mensagem que é comunicada com sua presença, com sua voz, com sua interpretação.
Não existe uma formula única para realizar essa forma de comunicação, mesmo porque há variantes culturais, vivenciais, existenciais que interferem de modo substancial em qualquer forma de comunicação, inclusive no ato da leitura. Por isso, ler é uma arte e uma ciência. Como arte supões sensibilidade, intuição, percepção, capacidade de contemplar a beleza. Como ciência supõe conhecimento, leis e técnicas que favoreçam comunicar com eficiência e eficácia.
“Na liturgia também é assim: a Palavra ocupa um lugar central como presença e como meio.”

9 elementos indispensáveis para que a função litúrgica
da leitura possa ser melhor exercida

1. Cada forma de linguagem supõe um aprendizado especifico. Ler em público na Liturgia e em celebrações é uma arte e uma ciência com linguagens próprias e nãos e equipara simplesmente com outras formas de leituras;
2. Na liturgia fala o ser humano todo. A ação de Deus quer atingir o ser humano todo: corpo, alma, espírito, razão, emoção, sentimentos, vontade. Importância fundamental tem o lugar, as pessoas, particularmente o celebrante e as pessoas que com ele vão comunicar o mistério, e os meios a serem utilizados;
3. Nós somos um corpo, uma presença visível, sensível, por meio da qual interpretamos algo da vida e do mistério celebrado. Comunicamo-nos com o corpo. Dificuldades como inibição tem características psicológicas e físicas. Por isso: atenção ao rosto, busto e membros. Atenção ainda as expressões globais do corpo;
4. outro elemento fundamental na boa comunicação em público é a voz. A voz tem que ter algumas qualidades como timbre, sonoridade, altura, e intensidade adequadas além de cuidados como respiração, hidratação, higienização;
5. para uma leitura em público é necessário considerar e prestar atenção em características do uso da voz como: califasia, dicção, articulação, impostação, respiração, pronuncias, inflexão, tom, ritmo, dinâmica. Expressão. Isso tem característica especificas em uma celebração litúrgica;
6. outros elementos não verbais importantes em uma leitura em público na liturgia: espontaneidade, gestos, olhar, convicção, conhecimento e entendimento do texto, disciplina litúrgica, competência.
7. Leitura supõe também exercícios, treino, ensaio como todo ator que prepara o texto que vai declamar a tal ponto que ele assume como se fosse próprio e dá uma interpretação única. Na celebração litúrgica de modo muito especial proclamar um texto supõe que a pessoa que o faz use seu corpo e suas expressões, mas que o texto seja reflexo de sua abertura ao Mistério que ele antes de tudo acolhe e medita e depois expressa.
8. Outro elemento importante a ser considerado é o publico. Quem são as pessoas que estão ouvindo? Como proclamar a elas um texto bíblico, por exemplo, passando credibilidade, segurança, confiabilidade? O publico interfere de uma maneira direta na maneira de se proclamar um texto.
9. Outro elemento é a questão do estilo. Nem todos os textos têm o mesmo estilo literário. Há textos em prosa e em verso. Textos narrativos e descritivos. Há textos que envolvem expressões de narrador, de personagem, que evocam sentimentos diversos o que exige também do leitor criatividade, envolvimento, postura vocal e emocional adequada.


Escrito por: PE. José Alem, CMF.
Fonte: Revista Paróquias & Casas Religiosas

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